Ícone do site resumov

Como passei no ITA: Seja autodidata


Eu sentava na última carteira e quando o professor perguntava as coisas, eu olhava pra baixo, pra ele não perguntar pra mim, porque era muito ruim.

Hoje eu vou falar em como eu estudei pra passar no ITA.

Primeiro ano de preparação

No primeiro ano, eu estudava em escola normal e então eu decidi fazer ITA, e fui pra Belém. Chegando em Belém, eu vi que eu poderia ver aulas do cursinho, mesmo estando no segundo ano, logo foi isso que eu fiz e cheguei na turma do cursinho pra fazer com o pessoal que já tinha acabado o ensino médio. Aquilo me forçou a estudar sozinha, me forçou a ser autodidata, porque eu não conseguia acompanhar, eu ia pra aula e não conseguia acompanhar nada. Pra não mentir, eu conseguia acompanhar a de português e uma ou outra de química.

Esse post está em formato de vídeo abaixo:

Eu vi que eu teria que estudar sozinha, se eu quisesse chegar algum dia naquele nível; ou eu poderia ficar batendo cabeça tentando acompanhar o que o professor falava, que não deu certo no primeiro mês, ou eu podia criar minha própria estratégia.

Quando você está fazendo turma ITA, é um negócio que todo mundo dá dica diferente, então uns falam: “Ah você tem que estudar pelo Halliday”;outros: “pelo Tipler”; outros: ‘’pelo Sarajevo’’.

E só falam esses níveis de livros estratosféricos, você fica perdido: “Poxa, eu não sei nem o básico e vou pra esses livros?”

Mas é símbolo até de status no cursinho você andar com um livro em espanhol, um livro em inglês, porque você é o cara que sabe tudo (depois eu vi que essas pessoas nem passam, mas enfim).

Eu não estava nem conseguindo acompanhar as aulas, fui tentar estudar por esses livros e foi uma frustração horrível, era muito difícil, eu vi que não ia dar certo… Ou eu desistia e ia tentar outra coisa, mas era inaceitável pra mim, desistir. Então, foi um tempo muito estressante, foi um tempo depressivo na verdade, depressão é a palavra certa, porque era muito triste. Eu ia pra aula, não entendia nada, eu sentava na ultima carteira e quando o professor perguntava, eu olhava pra baixo, pra ele não perguntar pra mim, porque era muito ruim, uma sensação de você não entender nada e era aquela sensação todo dia.

Então, eu decidi: eu vou estudar sozinha e eu vou aprender o que é preciso sozinha.  Eu consegui conversar com alguns alunos que já estavam há mais tempo e eu fui sincera

Eu não consigo nem acompanhar a aula, eu não consigo acompanhar esses livros mais difíceis, o que eu faço?

Logo teve um menino que passou até no ITA, o Trakinas, ele falou assim: “olha, estuda pelo física clássica, você vai começar pelo 2, que é o mais fácil”. Eu acho que ele nem lembra de ter falado isso pra mim,  mas enfim, “você começa pelo 2, que é o mais fácil, você vai conseguir seguir, e pelo Fundamentos da Matemática’’. Depois falaram que a Martha Reis era boa. Então eu tinha esses 3 materiais: o Física Clássica (o 2, de termologia), o Fundamentos da Matemática (de trigonometria) e o Martha Reis (volume 2).

Então, eu comecei a estudar isso, era a minha direção e sempre quando falavam: “Ah, tem que estudar aquele livro, não sei o que, aquele outro… ’’

Eu não! Eu não vou estudar aquele livro, eu vou focar aqui no meu quadrado, vou fazer isso aqui. Foi muito bom, isso me deu uma confiança de que eu conseguia aprender e é muito importante acreditar que você consegue e ir atrás.

Então eu comecei, eu fui seguindo isso, eu fui estudando dilatação térmica, eu lembro como se fosse hoje, porque foi muito bom, eu consegui fazer questões do ITA! Quando você vê ITA, já sente uma luzinha É DIFÍCIL, É DIFÍCIL. Eu consegui, foi muito bom, eu tava no segundo ano já fazendo essas questões de termologia do ITA, e depois foi gases. Em química também, a química 2 é bem mais difícil, mas eu fui tentando e deu pra entender.

Portanto, na pratica, eu estudei sozinha. Eu assistia aulas ainda, eu tentava acompanhar, era muito impossível, era muito difícil, mas eu tentava acompanhar.

Logo, o que acontecia?

Tinha aulas de mecânica, por exemplo, que eram muito difíceis pra mim, mas eu tentava mesmo assim ou eu ficava fazendo esses meus exercícios, ficava focando em química 2 (que era o livro da Martha Reis), o livro 2 de Física Clássica e alguns de matemática, depois eu fui pra conjuntos, aqueles primeiro livros mais tranquilos… logarítmos… foi bem nessa época.

Nesse caso, eu pensei assim:

Eu tô no meu primeiro ano de preparação, tô no segundo ano (escolar), eu não preciso ver toda essa matéria, vai ser importante pra mim, pegar essa base e essa confiança

– Claro que eu penso isso agora, eu não tinha essa maturidade na época, mas eu pensei:

Não, eu vou fazer só isso aqui, que é o que tá dando certo.

 


 

Assim sendo, eu fiz o livro 2 inteiro nesse ano (da Martha Reis) e estudei também o 1 , de vez em quando eu emprestava de algum amigo, mas eu não vi nada de química orgânica e matemática eu vi talvez um quarto dos conteúdos, foram só aqueles primeiros livros do Matemática Elementar. Física eu vi basicamente termologia e um pouquinho de mecânica e isso, então, foi esse segundo ano.

Segundo ano de preparação

No meu terceiro ano eu mudei de escola, fui pra outra escola também preparatória pro ITA e lá foi muito melhor, porque eu já comecei o ano entendendo o que os professores estavam falando, mesmo que eu não tivesse prestando atenção às aulas do ano anterior, por eu ter estudado sozinha, eu já conseguia assistir às aulas e entender, aquilo foi uma novidade muito grande, foi muito bom. Então, eu entendia e estudava depois em casa, foi assim basicamente o terceiro ano, no primeiro semestre. Eu assistia à aula e estudava o que o professor falava, assistia e estudava; e no primeiro semestre basicamente eu não fiz provas.

Hoje eu falo da fase 1, 2 e 3, mas nessa época praticamente não fiz provas, eu fazia só aquelas questões dos assuntos mesmos.  Nesse caso, você tá estudando matrizes e tem as questões do ITA de matrizes, você faz aquelas questões. Eu não fazia provas tudo misturado ainda, isso foi no primeiro semestre.  Em julho, a gente tirou férias, quando eu voltei em agosto, eu não conseguia mais assistir aula, já tava muito maçante, muito cheio de aula, já não conseguia mais.

As férias já foram tão tranquilas, eu lia tantos livros! Voltar pra aquele ambiente/aula, eu não consegui.

Como eu não conseguia mais assistir aula, eu decidi mudar como eu estudava, então eu passei a fazer somente provas antigas e redação. Agosto foi o momento que eu fiz uma redação por dia e aquilo me ajudou muito, porque eu não tinha feito redação antes.

Sabe quando a gente enrola?  Semana que vem eu começo… Semana que vem eu começo… E você nunca começa. Em agosto eu vi: “se eu quiser passar esse ano, eu tenho que fazer redação e eu vou ter que estudar inglês também (eu não sabia nada de inglês na época)”.

Eu comecei a estudar português, eu fiz provas de português e levei a sério mesmo, pensando que eu poderia passar, porque muita gente muita gente na minha sala já tinha a ideia assim:

Ah não, ninguém passa no terceiro ano, eu nem vou… tô nem aí, vou só seguir as aulas aqui e ano que vem eu faço as provas antigas.

Essa era a mentalidade do pessoal da sala, é por isso que não passam, é porque você coloca meta muito baixa, você tem que colocar meta lá no alto: “olha, eu vou passar”. Coloque metas bem altas, por mais que você não chegue lá, não tem problema, aquilo já te ensina, você aprende com aquilo, vai ficando cada vez melhor.

Portanto, foi essa a ideia, a partir de agosto eu fiquei só nas provas e já foi um estudo mais light, porque eu já não aguentava estudar tanto, então eu fazia muitas provas. Eu tive dois professores de matemática muito bons, quando eu errava alguma questão, eu ia perguntar pro Rufino (que tem até vários livros de matemática) ou pro outro professor que eu esqueci o nome, e essa era a minha rotina.

Física eu decidi investir no primeiro semestre em mecânica “eu vou aprender mecânica”, eu fiquei com aquilo na cabeça e até que eu consegui. Como eu já tinha visto termologia, aquelas matérias do segundo ano, que eu não sabia tão bem, mas já sabia o suficiente pra não precisar de tanto tempo pra chegar no nível ITA, então foi bom.

No terceiro ano, eu basicamente eu estudei mais mecânica e eletricidade, que eu não sabia nada, tudo acompanhando o cursinho. Algumas matérias eu exclui completamente, por exemplo, probabilidade. Era muito difícil pra mim, então eu via alguns colegas que adoravam aquele livrinho de probabilidade do matemática elementar, mas aquilo, pra mim, era aterrorizante, muito difícil, então eu decidi que eu não ia estudar, eu deixaria pra estudar depois, essa era sempre a minha ideia.

Geometria plana eu sabia a lei dos cossenos, eu sabia coisas muito básicas e eu pensei assim: “ah, se cair nesse nível, eu faço, senão não tem condições”. Porque na aula vocês sabem como é, é só viagem de geometria plana, só questão de Olimpíada, eu “não, isso não é pra mim. Vamos com calma, eu não preciso nem tirar 90% em matemática, nem 100%, que vai dar certo”.

Já a química, que eu esperava que fosse muito bem, porque eu fazia olimpíadas de química, eu já não fui tão bem… Ah, essa é outra questão:

Eu fazia olimpíadas também, de química e de física, mas aí depois eu não fui pras próximas fases, que eu preferi jogar RPG (rs), mas muito legal que vocês façam provas de olimpíadas, é bem parecida com a do ITA, com exceção da de matemática. A de matemática é muito diferente, é um nível muito mais alto, então, se você gosta e vai bem, continue fazendo, mas saiba que ela é diferente da prova do ITA. Quando você pensa no ITA, você quer treinar com questões parecida.

IME

Outro ponto é a questão do IME: eu não fazia provas do IME. Eu pensei assim “Se eu não passar esse ano, ano que vem eu faço essas provas”. Eu fiz pouquíssimas provas do IME, porque era muito mais difícil do que eu tinha me preparado, então eu me preparava pro ITA. Pro IME. eu sinto que eu teria que estudar bem mais ou teria que estudar mais um ano, talvez. Logo, eu passei só no ITA, no IME eu passei na posição 103 e eles só chamavam 60.

 

Essa foi a minha história de como eu passei no ITA. A ideia principal que eu quis passar pra vocês, é que vocês não precisam estudar como todo mundo estuda, você pode criar sua própria estratégia e ser autodidata é a melhor habilidade que você pode ter, porque você pode aprender tudo sozinho.

Hoje em dia, você ainda pode estudar sozinho e ver videoaulas só dos assuntos que você está tendo dificuldade ou que precisa se aprofundar mais, mas sempre o principal é você estudar sozinho, não é você assistir aula, então, por exemplo, quando você estiver estudando um assunto como física, você pode tentar primeiro sozinho, você pode pegar o livro, abrir e tentar sozinho. Se você não conseguir, você vai pra aula. Isso vai dar certo nos assuntos mais fáceis como termologia, ondulatória… E vai dar errado em assuntos mais difíceis como mecânica, por exemplo, mas é interessante você tentar, é uma coisa que me ajudou até a passar em medicina depois, porque tudo eu tentei sozinha, tentava estudar sozinha primeiro biologia, por exemplo.

Foi muito bom essa habilidade do ITA e é uma coisa que não vai ficar só agora no vestibular, quando você passar no ITA, todo mundo é autodidata, a maioria das pessoas nem assiste direito às aulas e só vai estudar pra prova um/dois dia antes, com o material do livro ou com o material do professor e sem assistir aula.

Essa questão de ser autodidata é uma coisa que vai te acompanhar pra vida inteira, mesmo depois de formado, por exemplo: toda hora tem que aprender uma coisa nova e eu conseguir aprender sozinha é a melhor coisa, melhor habilidade possível, como editar vídeo, filmar, fazer site ou dar aula no ITA também né?! Isso tudo depende da habilidade de ser autodidata, é a melhor coisa que eu posso falar pra vocês: SEJA AUTODIDATA E CRIE A SUA ESTRATÉGIA!!! Estude da sua forma, do seu jeito, NÃO mude de estratégia toda hora, não mude os livros que você estuda.

Se você estuda com alguns livros, continue com eles, não fique trocando, sei que sempre tem alguém que fala “ah, você tem mudar de livro, você tem que mudar esse outro livro aqui”, mas não, você não precisa, você pode estudar com livro normal do ensino médio e depois de estudar por esses livros normais, você chega no nível da prova do ITA com as provas antigas. Pro ITA ainda o mais importante de todos você fazer provas antigas, pro ITA você pode fazer 20-30 anos de provas, foque em aprender o básico e depois você vai direto pras provas.

Assim que eu estudei pra passar no ITA e eu espero que seja útil pra você de alguma forma. Ultimamente eu tenho falado muito mais de medicina, mas praticamente tudo que eu falo sobre como estudar pra medicina, serve pro ITA também, então, aquela questão das fases do estudo, você tem fase 1, fase 2 e fase 3, também é a mesma coisa pro ITA, embora pro ITA mude um pouquinho, porque são só 3 matérias de exatas com uma profundidade muito grande, alguns pontos são diferentes, mas  a ideia geral é a mesma. Portanto, você vai ter que pegar sua base, vai ter que construir as paredes do seu conhecimento, vai ter que fazer as provas antigas pra chegar no nível da prova.

Eu adorei fazer ITA, eu gostei muito, embora alguns anos tenham sido muito difíceis, então, por exemplo, o quarto ano (o de aeronáutica) é muito difícil, é super estressante, você tem muita coisa pra estudar. Pra mim, foi quase como fazer o vestibular de novo, e ainda foi super interessante, porque eu saí de Macapá e vim pra São Paulo, é como se fosse um mundo novo (quem é de cidade pequena, sabe o que eu tô falando).

Então, espero que essas dicas que eu dei hoje pra você, sirvam na sua caminhada, que a minha caminhada ajude a sua e muito obrigada por assistir.

Se você gostou, deixei um comentário, me conta o que você achou ou como você tá se preparando, o que tá sendo difícil e vamos conversar.

Até o próximo vídeo, obrigada.